FMI piora projeções fiscais para o Brasil em 2024 e nos próximos anos

Fundo Monetário Internacional estima que o Brasil tenha déficit primário de 0,6% do Produto Interno Bruto em 2024 e de 0,3% em 2025; Haddad diz que o “mais importante é que o FMI comece a rever a trajetória da dívida”

0
141

No relatório Monitor Fiscal, publicado nesta quarta-feira (17), o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma estimativa de que o Brasil tenha déficit primário de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e de 0,3% em 2025. As projeções são piores que as anteriores, que apontavam déficit primário de 0,2% do PIB em 2024 e superávit de 0,2% no ano seguinte. Com base no novo cenário, o país deve seguir com as contas públicas no vermelho até o fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a dívida pública deve aumentar para patamares que só perdem para nações como o Egito e a Ucrânia. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a piora nas projeções fiscais do FMI para o Brasil, divulgadas hoje está em linha com as alterações no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2025, apresentado nesta semana e que previu metas mais tímidas do governo para os próximos anos.

Segundo o FMI, o governo brasileiro não deve entregar o superávit como foi prometido. Pelos cálculos da instituição, o país atingiria meta de déficit zero apenas em 2026, último ano da gestão petista. A partir de 2027, o Brasil voltaria para o azul, com superávit de 0,4% do PIB. “O mais importante para nós é que o FMI comece a rever a trajetória da dívida. Isso para nós é muito importante, porque todo esse esforço tem a ver com essa trajetória”, disse Haddad, durante as reuniões de Primavera do FMI, em Washington DC.

As projeções mais céticas do FMI ocorrem dias após o anúncio de metas fiscais menos ambiciosas por parte do governo Lula. O alvo de 2025 foi reduzido de superávit de 0,5% do PIB para zero. Para 2024, o governo manteve a meta zero, enquanto a de 2026 caiu de 1% para 0,25%. “O ajuste foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano, nós estabelecermos uma trajetória que está completamente em linha com o que se espera no médio prazo de estabilidade da dívida”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas, em Washington, na terça-feira (16).

Na prática, o FMI não vê o novo arcabouço fiscal estabilizando a dívida brasileira, que deve seguir em alta nos próximos anos. O Fundo espera que a dívida pública bruta do País alcance 86,7% do PIB neste ano, ante 84,7% em 2023. O indicador deve continuar em expansão e atingir o patamar de 90,9% do PIB em 2026. “O fato de eles FMI terem melhorado substancialmente as projeções da dívida brasileira no conceito do próprio FMI é muito importante para nós, porque no conceito brasileiro, que é um pouco diferente, também a trajetória da dívida melhora”, avaliou o ministro da Fazenda.

Jovem Pan / Estadão Conteúdo