Um estudo inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o Espírito Santo é o segundo Estado do Brasil com maior risco de deslizamentos de terra, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Mais de 60% do território capixaba está na categoria de risco alto a máximo e, depois de um mês chuvoso como foi novembro, o medo de deslizamentos aumenta por parte da população.
Uma das regiões de risco máximo está no bairro Consolação, em Vitória. No último mês, houve um grande deslizamento no local que forçou moradores a saírem das casas.
“No mês passado, de novembro, houve esse deslizamento de madrugada. Desde então, ninguém mais fica nessa região. Só uma moradora que ainda passa o dia em casa e à noite dorme na casa do filho”, disse o presidente da Associação de Moradores de Consolação, Frank Barbosa.
Na manhã desta terça-feira (3), uma equipe da Defesa Civil de Vitória fez a substituição da lona que foi colocada na semana passada por uma nova, no local do deslizamento. Quem morava embaixo deixou a casa até que haja uma solução para o problema, mas na casa de cima, apesar do risco, ainda tem gente morando.
Quem mora na casa é o casal de aposentados Olívia Pereira de Souza e Antônio Machado, que dormem na casa do filho todas as noites.
“Durante a noite eu e meu esposo não ficamos na casa, mas durante o dia sim. Eu tenho meus serviços pra fazer, meu esposo também tem, aí nós ficamos olhando as coisas também pra não sumir”, disse dona Olívia.
Se Antônio contou que mora na casa há 50 anos e que tem medo de que ela seja destruída pelo vandalismo se deixá-la. “Eles tiram porta, tiram janela, levam tudo. E a gente tira da boca pra conseguir comprar as coisas”, contou.
Outra área de grande risco no Espírito Santo é o bairro Dom João Batista, em Vila Velha. No local, moradores ficam com medo do deslizamento de pedras.
“A gente tá preocupado, eu tenho meu marido acamado e oito pessoas que moram na região. Eu fico preocupada, principalmente à noite”, falou a dona de casa Raimunda Barcelos.
A manicure Leide Izabel da Cunha mora ao lado de Raimunda e contou que uma pedra está bem próxima da varanda da casa dela.
“No último pé d’água que teve, eu dormi na casa da minha irmã, fiquei com muito medo. Moramos eu, minha neta, meu filho, meu genro e minha filha”, contou.
A Defesa Civil de Vila Velha disse que está monitorando a área, que tem um projeto pronto pra realização de uma obra na região que vai custar R$ 510 mil e pediu esse dinheiro ao Estado.
“A grosso modo, teremos que amarrar essas pedras para que elas não venham a rolar, a tombar”, explicou o coronel Marcelo D’isep, assessor especial da Defesa Civil Vila Velha.
Vitória tem 25 áreas de risco
Em Vitória, 25 áreas de risco estão sendo monitoradas pela Defesa Civil municipal. Nesses locais vivem cerca de 6,6 mil pessoas, o equivalente a 1,8% dos moradores da capital.
“As obras de contenção são fundamentais nas áreas de risco, por isso a importância do mapeamento e também da informação. Em Vitória nós possuímos 25 núcleos comunitários de proteção e Defesa Civil, pessoas voluntárias capacitadas que auxiliam em períodos de anormalidade”, explicou o representante da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno.
G1 ES