O município de Santa Teresa, na região Serrana do Espírito Santo, abriga o maior Condomínio Avícola do país, com 200 mil galinhas poedeiras de ovos. O condomínio, localizado em Alto Caldeirão, possui dois galpões automatizados, com capacidade para 100 mil aves cada e pertence à Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), que é pioneira em produção de ovos no Estado. Atualmente, os dois galpões produzem por dia 167 mil ovos, o que corresponde ao faturamento de cerca de R$ 1,2 milhão por mês.
O primeiro galpão foi inaugurado em julho do ano passado e serviu como vitrine para os cooperados, de acordo com o vice-presidente da cooperativa Denilson Potratz. Já o segundo galpão foi disponibilizado para a venda através de 20 cotas com 5 mil aves cada, que foram adquiridos por 13 cooperados.
“Quando inauguramos o primeiro galpão, com aves da cooperativa, buscávamos mostrar aos cooperados como ele iria funcionar. Este ano, dobramos a produção assim que o segundo foi inaugurado (em maio deste ano) e abrimos para os cooperados, que são pequenos e médio produtores, comprarem as cotas. Como a adesão foi muito boa, já temos a previsão de inaugurar outro no ano que vem, porque há fila de espera. O cooperado consegue acompanhar todo o processo através de relatórios zootécnicos, econômico e de valor de mercado”.
A capacidade total da área do condomínio, de acordo com Denilson Potratz, é de 22 galpões que podem acomodar 2 milhões e 200 mil aves quando os 22 galpões previstos estiverem em funcionamento.
O gerente de produção de ovos, Rodrigo Loose, explicou que as galinhas ou frangas da linhagem hy-line chegam ao condomínio com 4 meses de idade e saem com no máximo 2 anos de idade para abate.
“Devido ao nosso controle com a alimentação balanceada, os ovos conseguem ser padronizados e de qualidade ao custo diário para o avicultor de R$ 0,12 por ave. Tudo é automatizado. Temos esteiras, para a coleta de ovos e limpador de coxos, além de uma dispensador de comida que passa a cada uma hora para alimentar as frangas. Os ovos saem daqui e são enviados para Santa Maria de Jetibá para serem classificados por peso e depois são colocados em caixas com 30 dúzias, que atendem os mercados da Bahia e de Minas Gerais”, disse.
OPORTUNIDADE
O associado Argeu João Uliana, de 83 anos, já foi avicultor na década de 1970, mas, por conta de uma doença que afetou sua produção, perdeu metade de suas aves. Este ano, a partir das cotas comercializadas pela cooperativa, encontrou uma nova oportunidade.
“Eu voltei a ser avicultor em maio deste ano, porque vi uma oportunidade aqui. Já tive cerca de 20 mil aves com meu sócio e desistimos, porque perdemos mais da metade delas. Agora, com minhas duas cotas, tenho a segurança de saber que a cooperativa faz todo o trabalho e dá garantia de ter um produto de qualidade, que se eu quisesse teria que recomeçar sozinho investindo muito mais”, disse.
O avicultor de Santa Maria de Jetibá, Horacio Antonio Miller, informou que possui 6 mil galinhas em sua propriedade, mas adquiriu 2 cotas e agora tem 10 mil aves no condomínio diante da possibilidade de poder aumentar a produção. “Já tive uma perda grande por conta de uma doença que afetou minhas aves e decidi apostar também nas cotas para aumentar a minha produção e quem sabe investir só no condomínio”.
DOENÇAS
O veterinário Tarcísio Simões informou quais são as doenças mais comuns que podem afetar as galinhas, e em situações mais graves, levá-las à morte, tais como a coriza, doenças intestinais, colibacilose, bouba aviária, bronquite infecciosa e influenza aviária.
“Essas são as doenças mais comuns que podem afetar as aves e para evitá-las tomamos alguns cuidados como manter as vacinações das aves em dias, telar os galpões, controlar o trânsito de pessoas e veículos e o cercamento da área. Além disso, a ração é balanceada e água que elas bebem é clorada a 3 ppm para melhorar a saúde gastrointestinal”, disse.
Umas das doenças que ainda não chegaram ao Estado mas já afetam os principais polos de produção de ovos do país é a laringotraqueíte infecciosa, que já atingiu a cidade de Bastos em São Paulo, que ocupa em primeiro lugar em produção de ovos, e Itanhandu em Minas Gerais, que está em terceiro lugar.
Este ano a doença foi tema de uma das palestras da 6ª Semana Tecnológica do Agronegócio, nos dias 16 a 19 de agosto em Santa Teresa, com o especialista em poedeira comercial Fernando Resende, que explicou a melhor forma de prevenção.
“O município de Santa Teresa é o segundo maior produtor de ovos no país e ainda não foi afetado pela doença. Por isso os produtores têm a curiosidade em saber como a doença se comporta, já que pode se espalhar para outros Estados. A laringotraqueite é uma herpes vírus que gera uma grande queda na produção de ovos, porque causa a morte das galinhas por sufocamento e a forma mais efetiva de combate é a vacina”, afirmou.
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