Cheia na Lagoa Juparanã ainda prejudica moradores de Linhares

Mesmo após a construção de um canal, água continua chegando até as casas

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Foto: Felipe Reis

O resultado de mais de três meses de água represada na Lagoa Juparanã são alagamentos em comunidades de Linhares, no Norte do Espírito Santo.

O problema acontece por causa de uma barragem construída entre o Rio Pequeno e o Rio Doce para que a lama do desastre ambiental em Mariana não contaminasse as águas da lagoa.

A Fundação Renova, responsável por reparar os prejuízos causados pela Samarco na tragédia no Rio Doce, fez um canal para escoar água.

Mesmo aberto há quase um mês, os moradores afirmam que o nível não está diminuindo. De acordo com eles, a água só aumenta.

No Centro de Linhares, pelo menos 10 famílias já estão em alerta. Uma rua próxima à lagoa está interditada. Os carros não passam mais e moradores usam um desvio feito por eles mesmos.

Com a água represada na frente das casas, os moradores improvisaram um caminho feito com tábuas de madeira para não molhar os pés.

“A qualquer momento a gente pode sair, sim. Vamos ver até quando dá pra gente ficar”, lamentou o segurança Cristiano Gomes.

Dona Maria da Penha mora com mais quatro pessoas e conta que a parte de baixo do imóvel tem dois cômodos que estão cheios de água.

“O quarto dos meus dois meninos é cheio de água. Agora, eles não estão em casa mais. Nem em 2013 teve tanta água assim”, contou.

O aposentado José Correa da Silva tem medo de que a estrutura da casa seja danificada. “Uma tragédia pode acontecer. Vem acontecendo tanto que, às vezes, dá um certo medo na gente”, disse.

As propriedades rurais também estão sendo prejudicadas. “Já tivemos que tirar os animais das propriedades, desfazermos de algumas cabeças. Tive que tirar 35 animais, fazer vendas, colocando em outros lugares. Funcionários, já tive que dispensar”, contou o gerente agropecuário João Marins.

A água também está tomando pontos turísticos de Linhares. A Lagoa Três Pontas, um dos locais mais movimentados em dias de feriado, tem praticamente toda a faixa de areia coberta pela água.

O empresário Ademar Alves de Oliveira esteve no local um mês antes, e viu uma imagem diferente. “A água estava lá embaixo, lá na areia. Eu vim aqui hoje e me impressionei”, contou.

O restaurante Minotauro, outro cartão postal da cidade, está com o salão cheio d’água.
Barragem no Rio Pequeno

A barragem foi construída em 2015 pela Samarco para evitar que as águas do Rio Doce atingidas pela lama de rejeitos de minério atingissem também a Lagoa Juparanã. O problema é que a barragem impede que a água escoe, o que tem provocado inundações. O canal foi construído para dar vazão a água.

G1 ES

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