Campeã mundial de futebol em 1934, 1938, 1982 e 2006, a Itália, dona de uma das camisas mais pesadas do futebol mundial, não vai disputar o pentacampeonato em 2018, na Rússia. Desorganizada, sem brilho, a seleção comandada pelo técnico Gian Piero Ventura empatou com a Suécia ontem, em Milão, por 0 a 0 e, como tinha perdido o jogo de ida da repescagem europeia por 1 a 0, acabou eliminada da Copa. A Azzurra só não tinha disputado os Mundiais de 1930 — quando não aceitou o convite para ir ao Uruguai — e 1958, quando não se classificou.
Mesmo jogando em casa, à frente de sua (nervosa) torcida, a Itália parecia se ressentir de vocação ofensiva. Com o volante brasileiro naturalizado Jorginho, do Napoli, estreando como titular, a Azzurra ocupada o campo adversário, mas sem ameaças reais. Escalada pelo conservador treinador Gian Piero Ventura com três zagueiros (Barzagli, Bonucci e Chiellini), a equipe ia à frente sem muita objetividade. Já os suecos começaram o jogo muito concentrados, sem perder a calma, e conseguiram roubar boas bolas no ataque. Em duas delas a bola bateu na mão de defensores italianos dentro da área, mas o juiz espanhol Mateu Lahoz não deu pênalti.
Aos 40, a melhor chance: a defesa sueca parou pedindo impedimento, e o centroavante Immobile recebeu a bola sozinho diante do goleiro, mas o chute resvalou em Olsen e Lustig conseguiu cortar antes que chegasse ao gol. Depois de um primeiro tempo inseguro, a Itália encerrou a etapa com uma blitz para cima dos suecos, que se encolheram e evitaram a abertura do placar na base do chutão. Os anfitriões saíram um pouco mais confiantes, mas a tensão ainda era o sentimento predominante no campo e na arquibancada.
O segundo tempo começou como o primeiro tinha terminado: com apenas 45 minutos para fazer dois gols — na fase de grupos, foram 21 em 10 jogos contra adversários como Albânia, Macedônia e Liechtenstein, nos quais a Espanha, campeã da chave, marcou 36 vezes —, os italianos já começaram rondando a área sueca. Com um minuto, Darmian já tinha recebido um cruzamento de Candreva dentro da área e sido derrubado por Osltig, em mais um pênalti ignorado pelo juiz. Aos oito, Florenzi acertou um voleio que passou perto da trave de Olson.
Por volta dos 15 minutos, os dois técnicos começaram a promover mudanças nos times: o sueco Janne Anderson, querendo sair do sufoco, lançou o atacante Thelin, rápido e forte (embora pouco técnico), na tentativa de incomodar a zaga italiana; pouco depois, Ventura pôs mais dois jogadores de frente em campo: El Shaarawy (no lugar do lateral Darmian) e Belotti (que substituiu Gabbiadini).
Com o tempo cada vez mais curto, a Itália se lançou à frente, mas o nervosismo e a falta de um articulador (o camisa 10, que na terra de Pirlo é chamado de “fantasista”) levavam a equipe a lançar bolas na área a esmo, facilitando a vida da zaga sueca, que rebatia como podia. A partir dos 30 minutos, a equipe escandinava, mais organizada, passou a levar menos sufoco e até a ameaçar, principalmente quando os contra-ataques era liderados pelo rápido e habilidoso Forsberg. Sob vaias histéricas da torcida, a Itália — àquela altura com mais um atacante, Bernardeschi, no lugar do lateral Candreva — atacava na base do esforço individual. Os melhores momentos vinham da agilidade do “Faraó” El Shaarawy e suas combinações pela esquerda com zagueiro Chiellini, improvisado na lateral. A bola pipocava muito dentro da área, mas as chances reais de gol eram raras.
Gazeta Online