Agricultores da Região Serrana do Estado adicionam novos sabores as suas plantações com frutas menos conhecidas. Pitaia branca, uvaia e achachairú são algumas das espécies que estão conquistando o seu espaço em terras frias.
Produzidas em pequena escala e com valor comercial mais alto que as tradicionais, as espécies exóticas são uma das apostas para atender o agroturismo e também para despertar a curiosidade nas feiras livres.
O pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) José Salazar Zanuncio, explica que pequenos produtores, que trabalham com o agroturismo, cultivam de cinco a dez pés de cada fruta. “Alguns agricultores têm poucos pés da fruta. Eles colhem e vendem diretamente para quem vai visitar a Região Serrana”, relatou.
O produtor rural Rainor Uliana, 73 anos, é dono de um sítio na região de Pedra Azul, em Domingos Martins. Ele incluiu a pitaia branca na lista de frutas que produz e comercializa na sua propriedade.
“Há cerca de três anos, um rapaz vizinho meu, que mexia com a pitaia, desistiu do cultivo. Meu filho pegou as mudas que ele tinha jogado fora e plantamos”, lembrou.
Hoje, em uma área de aproximadamente 80 metros quadrados, cultiva 30 exemplares da planta. Uma vez por ano, próximo ao mês de março, tem fruta para colher. Rainor conta que a demanda é grande e as pessoas que passam pelo Sítio Pedreiras se encantam.
“Quem vem fazer agroturismo fica doido quando vê a fruta madura e quer comprar. A pitaia é uma fruta muito bonita e saborosa”, explicou.
De acordo com o pesquisador do Incaper, o valor das frutas exóticas é alto e os agricultores têm investido no seu cultivo. No caso da pitaia – nativa da América Central e do México –, o preço pode variar entre R$ 30 e R$ 50 o quilo.
“Principalmente quando tem uma boa saída, como é o caso das frutas diferentes, o valor de venda é alto. O pessoal tem investido para atender o agroturismo”.
AZEDINHA
Outro exemplo de quem descobriu uma fruta diferente e resolveu investir é José Paulo Avanti, 57 anos. Um vizinho do agricultor trouxe uma muda de uvaia de Minas Gerais. Curioso resolveu plantar uma muda, depois outra e outra. Agora são 30 pés da fruta ácida, espalhados pelo terreno que fica em Venda Nova do Imigrante.
Segundo o agricultor, a uvaia colhida é vendida no próprio sítio ou na feira do município e custa em média R$ 10 o quilo. “É uma fruta muito boa. Ela é meio azedinha, é bom para comer, mas principalmente para fazer suco”, comentou.
TERRA SANTA
Algumas famílias também produzem apenas para atender à demanda nas feiras livres. A agricultora Mirta Baumgarten de Almeida, 67 anos, produz o achachairú. A fruta tem uma massa de sabor doce e um pouco azeda ao mesmo tempo.
A produção fica em Biriricas, Domingos Martins. Apesar de ser de origem mexicana, veio de outro continente há cerca de 20 anos. “Um padre, amigo da minha família, trouxe a semente da Terra Santa, Israel, e deu para o meu marido plantar”, lembrou.
Foram sete anos até a árvore crescer e carregar pela primeira vez. “Hoje temos uns 20 pés da fruta, mas são dez deles que produzem”, contou. Quando é época da fruta ela colhe de duas a três caixas para a feira que faz em Vitória e vende a R$ 15 o quilo.