
Duplicar a BR-101 só em último caso. E, ainda assim, menos do que o previsto em contrato e com mais tempo para executar as obras. É o que pretende a Eco101 com a proposta alternativa apresentada à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
No estudo que está sendo mantido em sigilo e A Tribuna teve acesso, a empresa propõe fazer a duplicação da rodovia federal só após a construção dos contornos e das terceiras faixas, que ganhariam um prazo de mais cinco anos para serem feitas.
A duplicação seria de 91,7 quilômetros, bem abaixo dos 475 previstos no contrato de concessão assinado em 2013. A previsão inicial era de que metade da rodovia – cerca de 235 quilômetros – estivesse duplicada até 2019, o que não deve mais acontecer.
A ANTT tem até o final de setembro para se pronunciar se aceita ou não a proposta. No relatório, a Eco101 justifica que está sendo “obrigada a fazer um alto investimento em obras de duplicação onde o tráfego é em sua maioria composto por veículos de passeio e, consequentemente, a arrecadação da tarifa é menor”.
Entre 2013 e 2016, a empresa arrecadou, em toda via, R$ 510 milhões com o pedágio. “Tal aspecto traz implicações de ordem econômicas, pois, uma vez que o fluxo de veículos leves é maior, a arrecadação da tarifa de pedágio é menor”, justificou.
Na proposta, as obras só seriam realizadas quando a rodovia chegar ao chamado Nível E.
Esse nível é estabelecido no Highway Capacity Manual (Manual de Capacidades em Rodovia). O manual americano classifica o nível de rodovias indo do A (Fluxo livre) ao F (Fluxo forçado).
É esse nível que determina quando a rodovia não suporta mais o fluxo de carros e precisa passar por obras. No contrato atual, está previsto que as obras sejam feitas quando chegar ao Nível D (Fluxo próximo à instabilidade).
A ideia da Eco101 é elevar para o Nível E (Fluxo instável). Com isso, a empresa ganharia mais tempo para realizar as obras.
Além disso, seria levado em conta a 50ª hora, número de horas de congestionamento por ano. Só depois de alcançar esse nível e essa quantidade de horas é que a rodovia passaria pelas obras, sendo a duplicação a última alternativa.
Tribuna Online