Turistas adiam viagens com o aumento de impostos

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Mudança no imposto pelo governo federal deixou mais caro fazer turismo internacional, levando alguns até a considerarem desistir

Alta do IOF encarece viagens ao exterior e preocupa estudantes de intercâmbio; medida do governo federal gera reação no Congresso e no setor de turismo. |  Foto: Reprodução/Canva

Viajar ao exterior para realizar um sonho, curtir férias, e até viver um intercâmbio cultural em outro país se tornou algo mais caro, após o anúncio, feito pelo governo federal, da unificação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para 3,5%.

Há turistas adiando os planos por causa da mudança, que vale para compra de moeda estrangeira e pagamentos com cartão de crédito.

A mudança surpreendeu empresas de intercâmbio, disse Luis Paulo Jacobsen, especialista em educação internacional e de carreira da IE Intercâmbio de Vitória.

“Fomos pegos de surpresa. De um dia para o outro, nosso departamento financeiro enviou um e-mail falando sobre o anúncio do governo, e como isso afetaria os valores dos preços de intercâmbio e de passagens aéreas”.


De acordo com Luis, a Associação Brasileira das Empresas Especialistas em Intercâmbio (Abraseeio), informou, através de e-mail, que vai passar a discricionar o valor do câmbio utilizado e da nova taxa de IOF, para destacar o crescimento dos preços praticados devido ao aumento do imposto.

O especialista conta ainda que já recebeu ligações de clientes da IE que consideram adiar a viagem devido ao aumento da alíquota.

“Já tem gente me ligando e perguntando se dá para postergar a compra da viagem para poder se preparar melhor, isso está causando um burburinho, e não deu tempo de conversar com todos”.

Jackson Honorato, morador de Guarapari, disse que a nova carga tributária vai impactar diretamente no intercâmbio que fará para a Irlanda, e que está apreensivo para os próximos meses.

“Vou viajar em agosto, e terei que desembolsar mais para a minha viagem. Estou planejando meu intercâmbio há dois anos, e isso mexe na minha estrutura financeira. Quando eu precisar fazer compras no cartão de crédito, além de pagar o euro a R$ 6, o novo IOF vai pesar no meu bolso”.

O futuro intercambista se queixa também de como a medida vai afetar, principalmente, quem não tem muito dinheiro disponível para viajar ao exterior.

“Por mais que a medida seja anunciada como benefício para o País, quem tem menos poder aquisitivo e quer viajar ao exterior será prejudicado. Para nós, qualquer centavo faz diferença. O sonho de estudar em outro país, de viajar ao exterior, ou morar fora, pode ficar muito comprometido”.

Carga tributária maior e prejuízos para empresas

O governo federal anunciou nova alíquota de 3,5% no IOF para remessas, compras no exterior, e uso de cartão de crédito em operações internacionais.

Além de afetar empresas de intercâmbio e intercambistas, a nova alíquota aumenta a carga tributária para a população, é o que destaca Roberto Vertamatti, diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

“Algumas pessoas terão que renunciar a viagens, sem dúvida nenhuma, e o setor de viagens será afetado. A nossa carga tributária está insustentável, e querem aumentar mais. Isso é tirar dinheiro da sociedade e transferir para o governo”.

Segundo o economista, o objetivo da medida, que é aumentar arrecadação para cumprir o arcabouço fiscal, não será cumprido.

“Além dos R$ 20 bilhões almejados com o novo IOF, o governo já tem R$ 31 bilhões anunciados em contingenciamento. Ou seja, são R$ 50 bilhões para cumprir o arcabouço fiscal, que não é claro, não foi zerado em 2024, não será neste ano ou no que vem. Isso tudo mostra que o governo está desorganizado, numa sinuca de bico”.

tribunaonline